a negra voz que agudiza em tons de emoção barata
carrega o bar de passados em vozes que já se foram
e o homem só que destila suor e lágrimas fáceis
comporta-se frente a ela como se ELLA o fosse.
e o vigor da voz que canta na garganta nem tão nobre
traz lembranças quase tristes de viagens nunca feitas
a lugares onde vozes derramavam timbres negros
em melismas e floreios de dor e profundidade
uma hora! já tão tarde! paga a conta e vai embora
pro quarto-sala alugado com pôster de chê guevara
que o olha com desconfiança e certa cumplicidade
torcendo pra que não perca o viço nem a ternura.
e já diante da tela de seu museu de amizades
procura videos antigos de divas em árias tristes
talvez pra banir o peso das velhas fossas de sempre
e evitar que seu mundo caia em vozes conhecidas.
e pra driblar certa dose de inútil melancolia
que ameaçava a alegria a qual nascera fadado
dedilha sons de caymmi e sambas cheios de morro
e promete decorá-los pra cantar à namorada.
Cado Selbach
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
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5 comentários:
Cado, meu velho... quanta música, quanto sentimento, quanta solidão...
Que facilidade, que domínio tens...
Grande abraço!
Eu li Cado Selbach, mas vi Navegador.
E quanto navega...
è o meu preferido do Cado, ele é fodido na sua poesia.
Nasceu Poeta.
Fez-se presente nosso.
Envolvente demais o tom da escrita.
Abraços Cado.
é, o Cado é navegador dos nossos mares.
Rabi, Rabi!!
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