Não se angustia pela poesia que não vira verso
Ama com intensidade e tudo que advir do teu amor
Será poesia
Parte será repartida do teu desengano para o papel
Parte para teus dedos, parte para teus olhos
Pedaços serão beijos mais poéticos que palavras
Nunca foram. Pedaços serão palavras
Que se perderão no vento
Não disputa tua poesia com o vento
Entende que ele engole
O efêmero, e deixa as ruínas de
Teus poemas para a eternidade
Não tenha vergonha
Da poesia do momento presente
Seja ela poesia de cozinha ou seja
Ela poesia de banheiro
Se não gozar da poesia de cada momento
Por completo
Jamais será capaz de dividi-la
Com o papel. Assim
Jamais poderá dividir
A poesia de teu momento presente
Com o mundo
Não faça versos por vaidade
Se tens vaidade e deseja
A acolhida pública
Escreve novelas, escreve quadrinhos
Não humilhe a poesia à tua necessidade
De aprovação
Não mostre teus versos, não comente
Mantêm eles quietos, submersos
Até o momento preciso
De presenteá-los àqueles que
-Você sabe - esperam ser tocados
Pelo vazio
Mata tua poesia antes de publicá-la
Mata todo o presente e deixa no verso
A possibilidade estática, fria
Para que o calor do presente do próximo
Possa aquecer teu poema
E ele se torne novo
Pelas mãos onde passar
Amém
Diogo Testa
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
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4 comentários:
Amém.
Não faça versos por vaidade
"Se tens vaidade e deseja
A acolhida pública
Escreve novelas, escreve quadrinhos
Não humilhe a poesia à tua necessidade
De aprovação
Não mostre teus versos, não comente
Mantêm eles quietos, submersos
Até o momento preciso
De presenteá-los àqueles que
-Você sabe - esperam ser tocados
Pelo vazio"
isso me foi um tapa na cara!
Perfeita. Sem palavras.
Diogo, conheci este poema há pouco e o achei perfeito... já devo ter comentado nos orkut...
Agora, nesta leitura, me chamou a atenção 'mantêm eles quietos... até o momento preciso de presenteá-los àqueles que esperam ser tocados pelo vazio'... perfeito... difícil é saber o momento, é saber que são aqueles...
Abração!
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