Eloisa, permita que eu morra nas águas
Não me prenda nos grãos de areia da praia
Permita que eu nade nas ondas salgadas
Permita que eu perca o horizonte de vista
Permita que as algas e a vida no fundo
Me rocem a perna e façam cosquinhas
Permita que eu sinta fome e fadiga
Deixa que eu pense que não há mais saída
Eloisa
Que eu sinta desespero
Que eu queime em angústia
Que eu descubra um mar
Sem ilhas desertas
Que me abriguem como me abrigam
Tuas pernas
Olha, minha amada!
Quão grande são as vagas
E como a luz das manhãs
Parece brotar do pélago das águas
Que eu flutue inane ao longo dos dias
Que passe horas sem mover músculo
Com o calor do sol no peito
E o frio das águas às costas
Desatinado como uma onda
E quando os músculos não mais nadarem
E o corpo não mais suportar a fome
E meu ócio não mais sustentar este corpo
Já fino e podre e roto
Eu morra
Mas me deixa ir para morrer no mar
Não me faz passar a vida na praia
Esperando minha hora chegar
Parado
Eloisa, permita que eu morra
Afogado
Amém
Diogo Testa
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
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5 comentários:
bom demais! pra dizer o mínimo...
Lindo!
Amém... que belo poema!
Abraço!
Meu voto ta aqui!
Ai meu deus, como eu ADOREI esse poema!
Gosto tanto de nomes em escritos, e Eloisa é um nome forte.
Adorado, admirado, dignissimo!
Um dos meus preferidos aqui no blog!
Só coisa boa por aqui ultimamente!
Parabéns Diogo!
.Lindo.Lindo demais.
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